awriterinthedark

Hoje eu percebi que talvez eu nunca pare de te amar.
Imaginei uma realidade onde eu teria que te deixar, e diria em teu ouvido antes de partir que te amo, me perguntando se você compreenderia o que eu estava dizendo ou apenas encararia como uma frase que eu já havia dito muitas vezes antes.
Realidades como essa me assustam, pois não sei se consigo suportar o peso desses sentimentos para sempre, e o medo da incerteza me consome aos poucos.
Estaria você apaixonado por mim ou tudo isso apenas faz parte do pacote de amizade que criamos?
Estaria você ciente do que eu sinto, apenas ignorando para que nada desmorone sobre nossas cabeças até que morramos asfixiados por sentimentos que, infelizmente, não permitimos entrar em nossos corações?
O amor que eu sinto por você e a rejeição que sente por mim?
Eu já consigo sentir que as coisas estão mudando entre nós.
Eu já não consigo colocar tanta força em esconder isso de você.
Aos poucos eu vou cedendo, te alimentando com esses destroços.
Às vezes eu até perco o controle e meu sistema de autodefesa toma partido, guiando minha língua para formular palavras afiadas e insultos que não eram para serem ditos.
Mas você nunca fica ofendido, fica?
Você simplesmente finge que nada aconteceu, simplesmente faz seu corpo translúcido para que tudo isso apenas te atravesse como luz, e então encara a vida com olhos simples.
Nada pesa nos teus ombros.
Nada faz seu coração doer de madrugada.
Nada perturba a tua mente ou sufoca a sua garganta até que comece a berrar tudo aquilo que estava entalado há anos.
Você é muito bom para tudo isso.
E eu não sei se estou pronto para te envenenar com a minha carne.
Mas também não sei se estou pronto para dizer adeus a todo esse caos que você causa em mim.
Talvez eu realmente nunca pare de te amar. E talvez um dia você encare a vida com outros olhos.
E nesse dia eu irei rezar para que esses olhos me encarem diferente também.